Com quase 85 anos, Sachs será um dos protagonistas da Rio+20/Foto: Ubirajara Machado/MDA |
A pouco mais de dois meses da sua realização, a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) está despertando expectativas em especialistas de diversos setores. Criador do termo ecodesenvolvimento, que originaria posteriormente a expressão que nomeia a cúpula de junho (desenvolvimento sustentável), na primeira conferência da ONU sobre o meio ambiente em 1972, o socioeconomista polonês Ignacy Sachs acredita que para ser bem-sucedida a Rio+20 precisa implementar soluções práticas.
“Não acredito que a Rio+20 deverá ser uma conferência sobre economia verde, se por esta entender-se uma economia que esquece o lado social das coisas”, afirmou Sachs na segunda-feira, 9 de abril, durante uma palestra organizada pelo governo da Bahia, em que deu uma “prévia” das propostas que ele apresentará na Rio+20.
"Não se trata de impor um modelo único, mas de construir tantos quanto forem produtivos”
Para ele, a bandeira da conferência deverá ser “verde e vermelha”, com objetivos ambientais e sociais articulados. De acordo com Sachs, que será um dos protagonistas da Rio+20, é necessário definir um “mega contrato social claro”, em nível das Nações Unidas.
Ele reiterou ainda que a conferência será uma oportunidade para “definir um roteiro de como agiremos daqui para frente”. “Estamos caminhando para tempos complicados e difíceis, mas com uma luz pela frente. A Rio+20 é uma ocasião para afirmar que estamos em uma nova era”.
Cooperação
Uma das propostas concretas que o professor da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) apresentou foi a da criação de um fundo internacional de desenvolvimento sustentável, a fim de “descarbonizar a economia”. Para tanto, os países deveriam elaborar planos nacionais em longo prazo, seguindo variáveis internacionais pré-definidas.
Esses planos deverão priorizar dois pilares: a segurança alimentar e a energética. “Precisamos ter uma visão do que vai acontecer depois do petróleo. Temos que trabalhar todo o leque de energias renováveis, mas com precauções”, enfatizou Sachs. Em seguida, ele complementou ainda que “não se trata de impor um modelo único, mas de construir tantos quanto forem produtivos”.
“É preciso que a floresta tropical da Amazônia converse com a floresta tropical do Congo e da Ásia”
O planejamento para alcançar tais objetivos, Sachs ressaltou, deverá partir de “baixo para cima”, ou seja, a partir de demandas locais. “Esse planejamento, que iguala a todos, não faz sentido. O que devemos é aprender a dialogar de maneira permanente”.
Para reunir recursos destinados ao fundo, o economista defendeu a criação de uma taxa sobre a especulação financeira e de um imposto sobre o território marítimo, além da mobilização de recursos de bancos e o financiamento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países ricos.
Outra proposta que será apresentada na Rio+20 por Sachs é a de reorganização de redes de cooperação técnico-científicos a partir de uma geografia dos ecossistemas. “É preciso que a floresta tropical da Amazônia converse com a floresta tropical do Congo e da Ásia”, exemplificou.
Fonte: EcoDesenvolvimento
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