Mecânica do Gato, na capital paulista, separa óleo e água, possui telhas translúcidas para economizar energia e sistema de exaustão movido a energia eólica
A inspeção veicular na cidade de São Paulo está a todo o vapor. Criado em 2008, o Programa de Inspeção Ambiental Veicular em São Paulo tem como objetivo melhorar a qualidade de vida do paulistano. Estima-se que os 6 milhões de veículos que circulam em São Paulo lançam na atmosfera 70% de toda a poluição que compromete a qualidade do ar, chegando a 90%, se for considerada apenas a emissão de monóxido de carbono, fazendo da cidade a quinta mais poluída do mundo, segundo o Centro de Informações e Pesquisa Atmosférica da Inglaterra.
Mas pouco adianta, porém, obrigar o motorista a regular o motor e trocar os filtros do carro se o descarte dos materiais na maioria das vezes é feito de maneira totalmente inadequada pelas oficinas mecânicas. O resto de óleo usado é jogado no esgoto e as peças e vidros vão para o lixo comum, entre outros problemas.
Mas há empresas na cidade que estão fazendo a diferença quando o assunto é sustentabilidade ambiental. A Mecânica do Gato, da Mooca (zona leste de São Paulo), conquistou recentemente o Selo Verde IQA-Cesvi, que atesta a prática de políticas ambientais corretas e o cumprimento da legislação vigente nas oficinas, permitindo a abertura de novos mercados e a participação em licitações públicas e privadas.
O Selo Verde foi lançado pelo IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) e Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária). A empresa é uma das quatro primeiras oficinas, ao lado de Marques&Marques, Caçula de Pneus e Century Car, a receber o selo como parte do projeto piloto aplicado em 11 empresas paulistas para a certificação ambiental.
Há 40 anos no mercado, a reparadora de veículos passou por diversas adequações para receber a certificação ambiental. A mais importante delas, de acordo com Cláudia Samos, gerente administrativa da Mecânica do Gato, foi o trabalho de consciência ambiental realizado com os 32 funcionários da empresa. O trabalho incluiu palestras e treinamentos para que os colaboradores não só se adaptassem mais facilmente à nova realidade, mas também fazer com que as mudanças colocadas em prática se concretizem em resultados de médio prazo.
“A partir do momento em que se muda uma rotina de trabalho para que ela seja mais sustentável, o funcionário tem de ser parte integrante do processo porque é ele quem vai levá-lo adiante dentro da oficina. Se para a certificação deixamos de descartar o óleo misturado com água diretamente no esgoto, o funcionário tem de entender porque mudamos para a caixa de decantação e quais os resultados que isso trará para a oficina e para a sociedade”, explica Cláudia Samos. A empresa introduziu três caixas de decantação que realizam a separação do óleo e água antes de despejar a água no esgoto. O óleo é encaminhado para empresas credenciadas que dão a destinação correta ao resíduo.
Além disso, a empresa passou por ampliação recente e levou as adequações ao novo espaço, que foi equipado com telha translúcida, além das caixas de decantação. “As telhas permitem que apenas a metade de todas as lâmpadas instaladas no local fique acesa, o que deve gerar uma economia de 25% de energia elétrica”, revela a gerente administrativa. Outra novidade é um sistema de exaustão, para circulação do ar, movido à energia eólica, que não precisa de motor elétrico para funcionar, gerando ainda mais economia.
Outra modificação foi com relação ao descarte de resíduos, que agora são separados adequadamente. “Materiais como metal e papelão não-contaminado são encaminhados para a reciclagem. Já a carcaça da bateria passou a ser recolhida pelo próprio fornecedor, e outros resíduos, como pano sujo, lâmpadas, entre outros altamente poluentes, são separados e encaminhados para empresas credenciadas”, diz Cláudia.
A gerente admite a dificuldade de conseguir fornecedores certificados para fazer o descarte das peças. “Uma empresa pode levar até dois anos para conseguir um certificado e nós não podemos esperar”. Cláudia ressalta que a empresa buscou a certificação ambiental para atender à legislação vigente e também mostrar ao mercado que a oficina está em sintonia com as ações de preservação do meio ambiente. “A grande mudança não foi só estrutural, mas a de consciência. Podemos perceber que ações simples, como coleta seletiva e reciclagem, fazem grande diferença’.
A gerente assegura que ainda não está usando o certificado como marketing. “Ainda há muita coisa a ser feita, mas já temos o retorno de clientes que vêm nos parabenizar pela iniciativa ao verem o selo no escritório”.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias
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