O Brasil é um dos principais pólos mundiais da reciclagem de alumínio. Recentemente o país conquistou, pela oitava vez consecutiva, o posto de nação com o maior índice de reciclagem de latas. Mais de 91% do que é consumido vai para a reciclagem, segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). A excelência que se verifica com as latas ainda não se transpôs para outros materiais também baseados no alumínio.
No caso de fios e cabos elétricos, por exemplo, a reciclagem feita em território nacional é pequena. Mas iniciativas surgidas no meio universitário podem ajudar a reverter o quadro. O Laboratório de Reciclagem e Extração (LAREX), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), tem desenvolvido estudos para a obtenção de novas técnicas para solucionar o problema.
O professor Jorge Tenório, coordenador do laboratório, explica a necessidade de se aprimorarem os processos para a obtenção de alumínio presente nos fios elétricos: “o setor da eletricidade é o quarto que mais utiliza o alumínio. Ou seja, trata-se de uma grande quantidade de material que acaba sendo desperdiçada, já que a reciclagem do alumínio nesse caso é bem mais complexa do que a feita a partir das latas”, conta.
Em 2006, a pesquisadora Mishene Araújo apresentou em sua tese "Reciclagem de fios e cabos elétricos" um método para fazer a reciclagem do alumínio dos fios e larga escala.
Tenório, orientador da tese, explica que a principal dificuldade de se obter o alumínio dos fios inutilizados é a extração do plástico que envolve os componentes elétricos. “Tirar o plástico de apenas um fio é simples, faço isso com um estilete. Nosso desafio foi chegar a um processo que conseguisse fazer isso em grande quantidade, de maneira econômica”, conta.
A meta foi alcançada com o desenvolvimento de uma técnica relativamente simples. Os fios e cabos foram triturados, e depois seus pedaços foram inseridos em um tubo com água, o enutriador. Ao agitar o tubo, a diferente densidade dos materiais faz com que o plástico se desloque para a parte superior do tubo, enquanto que o alumínio se deposita no fundo, separando os materiais. Após retirá-los, o alumínio vai para a reciclagem.
Outro projeto em andamento no laboratório pretende solucionar a extração de alumínio para reciclagem de borras resultantes de processos industriais. Essa borra (ou drosse, num termo mais apropriado) é parecido com uma pedra, onde se encontra o alumínio e outros materiais indesejados, como óxidos. Isolar o alumínio das borras, com um processo mais eficiente do que o atual e sua consequente preparação para a reciclagem é o desafio que se impõe agora.
Foto: Divulgação
Fonte: CIMM, com informações da Agência USP
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