Método não exige adaptação de maquinário, apenas a compra
do processo de tingimento da Golden/Foto: Divulgação
O processo tradicional de pigmentação de tecidos obriga o setor industrial a tingir as colorações desejadas em máquinas diferentes, problema que resulta no aumento do consumo de água, produtos químicos e sal, além de poluir os rios.
Para resolver este problema e alavancar os negócios, a empresa brasileira Golden Tecnologia, especializada na área têxtil, lançou uma tecnologia chamada batizada de Dye Clean, que promete reduzir em 80% o consumo de água, em 50% o de produtos químicos e auxiliares, e em 80% o de sal (para cada mil litros de água é preciso adicionar 800 quilos de sal em qualquer processo de tingimento). A dessalinização da água que é descartada é obrigatória nos países europeus, medida que o Brasil deixa de seguir.
As tinturarias estão interessadas na nova tecnologia porque poderão reutilizar a mesma água para tingir em diferentes cores. "O processo Dye Clean permite que em um mesmo banho de tingimento possam ser tingidas diversas cores sem a necessidade de descartar o banho, sendo um processo ambientalmente amigável e que custa em média 30% a menos que as tecnologias convencionais", destacou ao EcoD Alessandro De Marchi, diretor comercial da Golden.
Ao completar 20 anos no mercado têxtil, a empresa com sede em Potim (SP) espera ganhar em um ano 20% do mercado de tinturaria no país, além de clientes em boa parte do mundo, uma vez que empresários de Portugal, Espanha, Itália, Guatemala, El Salvador e Peru já entraram no catálogo da Golden. A receita estimada para o novo negócio em 2011 é de US$ 18 milhões (o equivalente a R$ 30,5 milhões) - o faturamento total da companhia em 2010 deve ser de US$ 35 milhões.
Método dispensa adaptação de maquinário
Atualmente, a tecnologia desenvolvida em parceria com a Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), na Espanha, por meio do professor Josep Valldeperas Morell está em processo de registro de patente no Brasil, Europa e Estados Unidos. A Golden tem o direito de comercialização do produto, enquanto a instituição de ensino ficará com a propriedade intelectual.
Na opinião de Régis Nieto, gerente do setor de avaliação de sistemas e saneamento da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), o novo processo significa um avanço. "O grande problema do tingimento são os corantes que podem chegar aos afluentes ainda com pigmentação, causando um grande problema ao meio ambiente", observou ao jornal Brasil Econômico o representante do órgão ligado ao governo de São Paulo.
Outra vantagem da tecnologia Dye Clean é que ela dispensa a adaptação de maquinário, basta comprar o processo de tingimento da Golden. Como a inovação ainda está em processo de patente, cada cliente é obrigado a assinar um contrato de sigilo, no qual se compromete a protegê-la de possíveis cópias.
O mercado têxtil consome 500 toneladas de corantes mensais. A Golden espera ser responsável pela venda de 100 toneladas a cada mês nos próximos anos. O preço médio dos produtos químicos e auxiliares para o processo é de US$ 15 por quilo. “Sabemos que a meta é arrojada, mas não vejo outro caminho para o avanço da indústria têxtil. As questões ambientais estão no centro das atenções, e nós saímos na frente com um produto que, além de economizar água, não polui”, ressaltou o dono da empresa, Lourival Flor.
Segundo Alessandro De Marchi, a Golden participa do projeto Atuação Responsável, desenvolvido junto a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Ele adiantou ao EcoD que um dos objetivos estratégicos da empresa é renovar todo o portfólio de produtos auxiliares com matérias-primas sustentáveis. "Também temos um projeto voltado para os corantes naturais, no qual estamos trabalhando há cerca de dois anos", concluiu.
Fonte: Brasil Econômico
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