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O saco plástico não é vilão e a ecobag não é solução

Segunda, 11de julho de 2011
Fonte: Coluna Zero
Todo mundo sabe do estrago que uma sacola plástica provoca ao meio ambiente, já que o plástico demora mais de 100 anos para se decompor. Mas este estrago só é provocado pela ausência de consciência no descarte, na coleta e reciclagem deste material. Então podemos concluir que uma sacola plástica, que demora tanto tempo para se decompor, pode ser usada inúmeras vezes, até mais que uma ecobag. E quem anda falando que a ecobag é a solução dos problemas provocados pelas sacolas plásticas? É hora de rever os conceitos e entender as verdadeiras intenções por trás disso.

Antes que alguém entenda errado, aviso que não quero defender o uso de sacolas plásticas e muito menos das ecobags, mas também não quero ver empresas ludibriando nós consumidores através de meros conceitos ambientais, pois este tipo de atitude que ajuda a criar o consumidor “Verde Otário”, tema da última postagem. A idéia aqui é falar sobre o que ninguém fala.

A ideia do uso de ecobags é bacana, relembra o que já foi feito no passado, pelo menos era essa a proposta inicial da ecobag. O intuito de reduzir o volume de sacolas plásticas é mantido pela premissa ambiental, já que muitas vão parar em lixões, em rios, lagos e até nos oceanos. Mas a sacola plástica não tem pernas nem barbatanas, quem faz com que elas terminem onde não devem são os humanos. Então se pararmos para analisar cuidadosamente veremos que a ecobag não é nada mais que uma modinha criada sob uma defesa ambiental, pois o real problema está no campo da reciclagem.

Uma pesquisa feita pelo governo britânico entre 2005 e 2007, mas divulgada só no início deste mês (Folha.com), aponta que o PEAD (polietileno de alta densidade) utilizado nas sacolas plásticas causa menos impacto ambiental do que as matérias-primas das ecobags, que na maioria das vezes é o algodão. De acordo com o relatório, os sacos de polietileno são, a cada utilização, quase 200 vezes menos prejudiciais ao clima do que as sacolas de algodão e emitem só um terço do CO2, em comparação às sacolas de papel oferecidas pelos varejistas. Além disso, a maioria dos sacos de papel são utilizados apenas uma vez e o estudo levantou que sacos de algodão são usados apenas 51 vezes antes de serem descartados, tornando-se piores que as sacolas plásticas usadas apenas uma vez.

As sacolas plásticas são 100% recicláveis e consomem menos energia no processo de fabricação, consequentemente emitem menos poluentes. Então por que não usá-las? Simples, porque ninguém quer investir em reciclagem / logística reversa, sai caro.

Ano passado quando publiquei a postagem “O fracasso das Ecobags nos supermercados” e sugeri que o material das sacolas plásticas poderia ser substituído por plástico biodegradável, a base de milho por exemplo, e defendia as sacolas de algodão. Hoje eu discordo totalmente da minha opinião de 1 ano atrás, por 2 motivos:

Primeiro que o custo é maior e mais prejudicial ao meio ambiente, pois mais áreas seriam devastadas para plantação de milho ou algodão, por exemplo;

Segundo que a mudança para uma matéria-prima biodegradável não estimularia a mudança de comportamento da sociedade civil e muito menos a responsabilidade dos governos em investir na reciclagem.

A presença do governo neste sentido é muito importante, até porque o problema de reciclagem das sacolas plásticas não está sozinho entre os maiores, temos também o problema do descarte das lâmpadas fluorescentes e dos medicamentos, já citados aqui no blog.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está valendo desde agosto do ano passado, é um passo importante do governo neste sentido, pois responsabiliza os produtores pela coleta e reciclagem dos materiais. Mas infelizmente as empresas ainda terão um prazo de 4 anos para se adaptar, até lá tudo dependerá do nosso comportamento, o que é mais importante. A lei de redução das sacolas plásticas, presente aqui no RJ e em alguns outros estados, não é nada mais que uma manobra política para deixar de investir no que realmente importa, a reciclagem. Fica muito mais barato e viável, pois jogam a responsabilidade nos varejistas. Os varejistas pagam uma empresa qualquer para fabricar as ecobags de diversos modelos e ainda lucram com isso de outras formas, principalmente através da publicidade positiva pintada de verde.

Não posso negar que uma ecobag é muito mais bonitinha que uma sacola plástica convencional. Quem aqui compraria um pacote de sacolas plásticas com logotipo do Coluna Zero? Acho que ninguém. E se fosse uma ecobag toda estilosa? (a exemplo de outros blogs) Muitos comprariam e sem dúvida iriam pensar que estão ajudando a resolver o problema das sacolas plásticas, mas na verdade só estão fazendo o que lhe falaram que é certo.

E você, usa uma ecobag para por o seu lixo? Acho que não né! Tudo bem que você pode usar um jornal, por exemplo, para por o seu lixo. Mas isso depende muito do tipo de lixo, concorda? Em algum momento você precisará de uma sacola plástica, se não for uma de supermercado será outra qualquer, mas de plástico. De acordo com uma pesquisa do Ibope, 71% das donas de casa apontam as sacolas plásticas como as preferidas para transportar as compras e 75% delas são a favor do seu fornecimento pelo varejo. A mesma pesquisa indicou que 100% das donas de casa utilizam as sacolas para embalar o lixo doméstico. Elas estão erradas? Acho que não. Vale lembrar que a sacola plástica também é um fator primordial para saúde pública, pois ela impede, em alguns casos de lixos específicos, que os resíduos fiquem espalhados, contaminando o ambiente.

Bom, espero que agora você repense sobre seu comportamento e avalie se é melhor comprar algumas ecobags, que infelizmente se apresenta mais como um conceito do que uma solução ambiental, mas são mais bonitinhas e algumas são biodegradáveis, ou reaproveitar as sacolas plásticas de supermercado para fazer suas compras, que são tão ou mais duráveis que uma ecobag, mais fáceis de carregar, de guardar, de lavar e permitem usos diversos. Qualquer um dos 2 materiais podem ser ecologicamente corretos, tudo depende do uso, da consciência de cada um.

Fonte: Coluna Zero

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