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Programa avalia desperdício de energia elétrica

No caminho entre a usina geradora de energia elétrica e as tomadas nas
casas dos consumidores, o Brasil perde cerca de 18% da eletricidade
que produz. [Imagem: Mark Wolfe]
Desperdício de energia
No caminho entre a usina geradora de energia elétrica e as tomadas nas casas dos consumidores, o Brasil perde cerca de 18% da eletricidade que produz. Isso equivale à geração de uma usina de porte médio, como a de Ilha Solteira, no noroeste do Estado de São Paulo, com capacidade de 3.400 MW.

Estima-se que a maior parte dessas perdas, entre 10% e 12% da produção, esteja na parte final do sistema: a distribuição.

Agora, uma pesquisa coordenada pelo professor Antonio Padilha Feltrin, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), resultou na criação de uma metodologia e de um software para auxiliar as companhias de distribuição a calcular e identificar os pontos mais vulneráveis às perdas.


Setor elétrico
 
O setor elétrico subdivide-se em três etapas: a geração, que ocorre nas usinas; a transmissão, referente ao trecho entre as geradoras e as subestações; e a distribuição, que compreende a rede que liga as subestações aos consumidores. Este último trecho é o mais complexo, além de responder pela maior parte das perdas.

"Trata-se de uma imensa quantidade de dados e que não estão facilmente disponíveis para as empresas", disse Padilha. Para identificar perdas na transmissão, por exemplo, é preciso verificar as diferenças entre a energia recebida nas subestações e a quantidade que saiu da usina.

No entanto, na distribuição o cálculo é muito mais complexo. De cada subestação sai uma malha que percorre os postes pelas ruas e avenidas da cidade. O simples cálculo de perdas exige a somatória dos medidores de todas as unidades consumidoras.

Perdas de energia
Nessa etapa, os maiores responsáveis por perdas são os transformadores de energia elétrica. Quando dimensionados acima da capacidade necessária, esses dispositivos provocam grandes perdas, de acordo com o professor da Unesp.

Além deles, há as perdas inerentes aos outros equipamentos, como os medidores e os próprios cabos condutores. Isso sem contar as chamadas perdas "não técnicas" que dizem respeito à interferência ou à omissão humana como, por exemplo, erros de medição, medidores não calibrados e os furtos de energia conhecidos popularmente como "gatos".

"Em alguns Estados, as perdas não técnicas respondem pela maior quantidade perdida", afirmou Padilha. Do total entre 10% e 12% da energia produzida e perdida nas redes de distribuição, as perdas técnicas representam entre 4% e 8%. O restante são perdas não técnicas, cuja principal fonte são os furtos, praticados por pequenos e até por grandes consumidores.

Imprecisão
O professor da Unesp explica que zerar perdas é impossível, mas o índice brasileiro pode ser bastante reduzido se forem tomadas medidas precisas. No entanto, qualquer plano de ação depende do levantamento de uma enorme quantidade de informações, o que é um trabalho bastante complicado.

"Os sistemas disponíveis mais completos envolvem tantas informações que são inviáveis para se aplicar com frequência. Por outro lado, os sistemas mais simples podem ser empregados periodicamente, mas são incompletos e subestimam perdas", apontou Padilha.

Programa de análise
O dilema da equipe da Unesp foi reunir as vantagens dos dois tipos de aplicativos sem reproduzir as desvantagens. Para isso, uma nova metodologia teve de ser desenvolvida e, a partir dela, foi criada um programa computacional.

Ao ser aplicado na empresa Elektro, o software foi comparado aos programas mais completos e também aos mais simplificados e se mostrou bastante preciso, apresentando resultados bem próximos aos dos programas tradicionais. E o melhor foi que funcionou de maneira rápida.

"As empresas precisam fazer esses cálculos pelo menos uma vez por mês, por isso é importante que os resultados sejam apresentados rapidamente", disse Padilha.

Para aplicar os programas mais complexos, as empresas costumam manter uma equipe dedicada a esse tipo de medicação, o que resulta em mais custos. O software produzido na Unesp reduz o trabalho braçal de levantamento e inserção de dados e retorna resultados após algumas horas.

Agora, o grupo pretende aprimorar o programa, inserindo probabilidades de ocorrência. "Com isso, aumentaremos a qualidade dos resultados. Em vez de dar apenas um número, diremos qual é a faixa de precisão", disse Padilha.

Fonte: Agência Fapesp

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