Empresa aposta na planta como substituta do aço na construção civil e da madeira na agroindústria
Por Wilson Weigl
Em vez de florestas de eucaliptos, bambuzais. Em vez de vigas de aço, varas de bambu. Essa é a visão que levou o engenheiro agrônomo Danilo Candia, 45 anos, a se lançar em um empreendimento tão versátil quanto a matéria-prima que explora. A paulistana Bambu Carbono Zero oferece produtos derivados de bambu e serviços de consultoria em todos os segmentos da cadeia produtiva, desde o fornecimento de mudas em larga escala, plantio, manejo e extração até soluções construtivas e de revestimentos. “As varas podem ser usadas como pilares, vigas, caibros, vergalhões e até pisos. São mais leves do que a madeira e têm força de tração similar à do aço”, afirma Candia.
Foi nos anos 1990 que o empresário começou a pesquisar as aplicações do bambu na arquitetura e na construção civil. Mas foi só em 2007 que criou, em sociedade com a paisagista Renata Tilli, a Bambu Carbono Zero. No ano passado, a empresa atingiu um faturamento de R$ 500 mil. “Neste ano, a previsão é chegar a R$ 1 milhão”, afirma Thomas Brieu, executivo da Bambu Carbono Zero. O próximo projeto da empresa é ambicioso: usar compostos de fibra de bambu como substitutos da madeira da agroindústria, um negócio que deve movimentar R$ 15 milhões só nos dois primeiros anos. “O bambu é o material do futuro”, aposta Candia. O maior problema enfrentado pela empresa é a pulverização dos fornecedores, já que os bambuzais são propriedades de pequenos agricultores, espalhados pelo cinturão verde de São Paulo. A extração é complicada, pois as touceiras são plantadas em lugares de difícil acesso. E a qualidade dos colmos varia muito, dependendo do fornecedor escolhido.
APROVEITAMENTO TOTAL
Placas de treliças, réguas e mosaicos destinados à decoração são feitos a partir dos bambus tortos. Só os colmos perfeitamente retilíneos (linheiros) são adequados para uso na construção civil. Dessa maneira, nada se perde.
PROGRAMA SOCIAL
Na marcenaria em Cunha (SP), dez auxiliares de produção trabalham no tratamento e transformação do bambu. Em 2011, a inauguração de uma nova unidade em São José dos Campos (SP) deverá duplicar a produção, agregando ainda uma ação social em parceria com a Associação Beneficente de Auxílio ao Próximo (Abap).
RESISTÊNCIA
Os colmos do bambu gigante (Dendrocalamus giganteus) atingem 30 metros de altura e 25 centímetros de diâmetro e são alternativas estruturais na construção civil.
CULTIVO SUSTENTÁVEL
Ao contrário do pínus e do eucalipto, o bambu precisa ser plantado apenas uma vez e a partir do sétimo ano tem extração anual perene. Essa planta de sucessivas brotações permite muitos cortes, oferecendo um cultivo e manejo simples e sustentável.
Fonte: PEGN
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