A vinícola Geisse emprega na lavoura uma máquina de ar quente, evitando que funcionários tenham contato com pesticidas
O equipamento é meio feioso. Inventado pelo chileno Florencio Lazo em 1999 e batizado de TPC (Thermal Pest Control), produz jatos de ar quente capazes de eliminar fungos, bactérias, insetos, larvas e ovos das plantações sem danificar as espécies. Primeira no Brasil a adotar a tecnologia, a Vinícola Geisse, de Bento Gonçalves (RS), começou a testá-la há quatro anos, em apenas 10% dos vinhedos. “Nos incomodava ver que nossos funcionários viviam em contato com agrotóxicos, e que esses resíduos, mesmo dentro dos limites permitidos, permaneciam nos vinhos”, conta Ignacio Geisse, 29 anos, que administra a vinícola em sociedade com o pai, Mario Geisse, e mais dois irmãos. O uso de pesticidas ainda exigia o consumo de 125 mil litros de água potável a cada ciclo produtivo, de três meses em média, para diluir os produtos. As primeiras experiências, lembra Ignacio, foram animadoras. Nos anos seguintes, a Geisse aplicou o TPC em 30% da produção, depois em metade da lavoura, até que, no ano passado, os agrotóxicos foram completamente eliminados da propriedade. Além de reduzir o consumo de água em cerca de 90%, a empresa comemora pela saúde dos empregados e pelo aumento de produtividade, que chega a 70%.
POTÊNCIA
Puxada por um trator, a máquina leva três dias para percorrer os 25 hectares da propriedade e pulverizar os 85 mil pés de uvas pinot noir e chardonnay. O ritual se repete semanalmente.
TECNOLOGIA
Depois que o motor aquece o ar até atingir a temperatura de 150°C, uma turbina trata de cuspi-lo novamente em jatos laminares, direcionados para as plantas, na velocidade de 200 km/h.
SUSTENTABILIDADE
Movido a gás liquefeito de petróleo (GLP), o equipamento é cedido em comodato pela SHV Gas Brasil, proprietária da marca Supergasbras, e pesa 600 kg.
ECONOMIA
O controle químico das pragas custava R$ 2.500 por ciclo de produção, enquanto o TPC sai por R$ 1.700 — a despesa se refere apenas ao consumo de GLP. O diesel usado no trator e a mão de obra se equivalem.
Fonte: PEGN
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